quarta-feira, 19 de maio de 2010

Dilma e o “diferencial delta”

Em 1982, quando estava claro que Leonel Brizola havia vencido as eleições para o governo do Rio, um esquema fraudulento montado pela empresa encarregada da apuração, a Proconsult, transformava votos dados para Brizola em votos nulos ou brancos. Com isso, engordava os números de seu principal adversário, Moreira Franco. O mecanismo da fraude era um certo “diferencial delta”. Quase 30 anos depois, Ibope, Datafolha e a Rede Globo tentam a todo custo aplicar o mesmo diferencial em benefício do tucano José Serra.

Vejamos os números. No dia 13 de abril, pesquisa do Instituto Sensus encomendada pelo Sindicato de Trabalhadores em Concessionárias de Rodovias (Sindecrep), apontava empate técnico entre Dilma (32,4%) e Serra (32,7%). Foi uma gritaria geral – do PSDB e da mídia lideradas pela Folha e a Rede Globo. O partido tucano até recebeu autorização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para fiscalizar a pesquisa, colocada sob suspeita porque tinha sido encomendada por um sindicato de trabalhadores e porque uma outra pesquisa do Datafolha, realizada alguns dias depois, apontava incríveis 10 pontos percentuais de diferença em favor de Serra.

Um mês depois da gritaria tucana, com duas pesquisas mostrando que Dilma ultrapassou Serra na intenção de votos tanto na pesquisa estimulada quanto na pesquisa espontânea, o silêncio só não é maior porque a internet está aí como o grande meio de circulação da informação. Blogs, twitters, redes sociais repercutem os resultados.

Já o jornal O Globo, destinou apenas um pequeno espaço na página 10 – as páginas pares dos jornais são considerados espaços menos nobres – para dizer que pesquisa do Instituto Sensus encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes apresentava “empate técnico” entre os dois principais candidatos. Desta vez, como se trata de uma entidade patronal, não deu pra alegar vício na pesquisa.

O resultado CNT/Sensus praticamente referendou o resultado da pesquisa Vox Populi/Rede Bandeirantes. Mas, principalmente, não pode mais esconder uma subida que já vinha se desenhando desde fevereiro. Naquele mês, a CNT/Sensus indicava que na pesquisa espontânea – àquela que o eleitor diz o nome de seu candidato sem que lhe seja apresentada qualquer lista – Dilma havia ultrapassado Serra.

Ainda faltam mais de quatro meses para as eleições e o caminho é tortuoso. Mas os brasileiros já estão demonstrando que querem avanços. Retrocesso, jamais.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Banda Larga em debate

Desde a semana passada, uma iniciativa do governo Lula tem sido tema de inúmeros debates e manifestações de vários setores organizados da sociedade. Trata-se do Plano Nacional de Banda Larga. A exemplo do que tem acontecido desde que o governo anunciou a disposição de elaborar um plano que assegure o acesso de toda a população à internet em banda larga, sobretudo a mais carente e a que mora nos locais mais inacessíveis, a polêmica tem sido a grande marca do debate. De um lado, as operadoras e os grupos que defendem a exploração desse serviço em regime privado. De outro, os movimentos sociais e a defesa do serviço em regime público. Entre os dois, a maioria da população, especialmente os setores que serão diretamente beneficiados, quase que completamente ausentes da discussão.


A bem da verdade, a maioria da população não tem qualquer conhecimento sobre a importância e o significado desse Plano e as conseqüências sobre o seu dia a dia. Para muitos, banda larga simplesmente não existe. Há os que não têm acesso a ela porque não têm acesso nenhum à internet ou acesso muito precário – são os moradores das áreas longínquas do país. E há os que não têm acesso porque é um serviço caro – neste caso os moradores das periferias, das comunidades populares das grandes e médias cidades.

A proposta apresentada pelo governo pretende massificar a oferta de banda larga até 2014. Ao mesmo tempo, quer com isso promover o crescimento das telecomunicações no país, assunto que interessa de perto a nós, trabalhadores do setor, pelo que representa de geração de emprego e qualificação de postos de trabalho.

Na 1ª Conferência Nacional de Comunicação, realizada em dezembro, em Brasília, o Sinttel-Rio teve papel fundamental nesse debate através do Instituto Telecom, ao defender que o serviço de banda larga seja prestado em regime público. Essa proposta foi aprovada no grupo de trabalho, no plenário, e foi encaminhada ao governo federal.

O lançamento do Plano Nacional de Banda Larga, depois de várias vezes anunciado, é mais um passo importante no sentido de assegurar a democratização da informação no Brasil. Para saber mais sobre o PNBL acesse o site www.institutotelecom.com.br.