terça-feira, 8 de junho de 2010

Serra e a indústria de dossiês

Desde que Collor e sua quadrilha tomaram de assalto a presidência da República com o apoio dos principais órgãos de comunicação do país, a indústria de dossiês contra candidatos tem florescido, especialmente nas três últimas eleições presidenciais. Foi assim em 2002, em 2006 e agora, justamente quando todas as pesquisas indicam a subida espetacular de Dilma Roussef, a revista Veja “descobre” um dossiê contra a filha de Serra, o candidato tucano.
Do conteúdo do dossiê pouco se fala, mas o “ético” Serra tratou logo de jogar a responsabilidade pelo suposto dossiê nas costas de Dilma. E o PSDB e seu aliado de todas as horas, o DEM (ex-PFL) anunciaram uma ação judicial contra a coordenação da campanha do PT.
O dossiê “descoberto” por Veja não veio à tona com a matéria da revista. Na verdade ele começou a ser gerado em março deste ano, quando o Instituto Millenium, que tem entre seus conselheiros o presidente do Grupo Abril (revista Veja) e o vice-presidente das Organizações Globo, promoveu um evento para discutir a liberdade de imprensa. No encontro dos poderosos chefões da mídia estes sequer se deram ao trabalho de disfarçar suas reais intenções: organizar o noticiário sobre as eleições presidenciais, de maneira a fortalecer a candidatura de José Serra.
O suposto dossiê foi desmascarado pela revista Carta Capital na edição que começou a circular no dia 5/6. Trata-se, na verdade, de um livro ainda não publicado, de autoria do jornalista Amaury Ribeiro Junior, sobre os bastidores da privatização no governo Fernando Henrique. O livro está sendo produzido há cerca de dois anos e entre os investigados pelo jornalista estão três parentes de Serra: a filha Verônica, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado.
O livro virou um “dossiê contra Serra” depois que o também jornalista Luis Lanzetta, responsável por contratar jornalistas para a campanha de Dilma, convidou Amaury para integrar a equipe. Em entrevista à Carta Capital, Amaury diz que não aceitou o convite por estar ocupado com a finalização do livro. Mas bastou esse encontro dos dois para dar ao Partido da Imprensa Golpista (PIG), como apelidou o deputado Fernando Ferro, o pretexto necessário para colocar em funcionamento sua ofensiva antiDilma e pró-Serra.
A campanha eleitoral ainda não começou oficialmente, mas pelo aperitivo mostrado até aqui pelos chefões da mídia, dá pra ter uma idéia do que vem por aí.

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