terça-feira, 23 de março de 2010

Multas para Barcas e Supervia

Um ano depois de incidentes envolvendo passageiros de barcas e trens, a Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro) finalmente tomou uma providência e decidiu multar as duas empresas. Punição bem fraquinha, considerando o histórico dessas concessionárias públicas que oferecem tudo, menos um serviço de qualidade aos usuários.

A Supervia, que nos últimos tempos já conseguiu até ter um trem fantasma, foi multada em 0,05% do faturamento de 2008 por causa das chicotadas dadas nos passageiros que no dia 15 de abril insistiam em entrar em trens lotados. Na verdade, não foram apenas chicotadas. Quem tentava voltar para casa no trem lotado ainda levou socos e pontapés.

Já Barcas, que tem transformado a travessia da baía de Guanabara num verdadeiro suplício, recebeu duas multas de R$ 400 mil cada por causa dos incidentes ocorridos às vésperas do feriado da Semana Santa de 2009. Naquela noite, com as filas atravessando a Praça XV, as barcas simplesmente sumiram. Cansados de esperar por quase uma hora por uma lancha, os passageiros pularam as roletas, quebraram bancos e vidros. O superintendente da empresa, além de chamar a polícia, deu dois “conselhos” aos passageiros: que não chegassem todos no mesmo horário para pegar a barca e que procurassem outros meios de transporte.

A atitude dos guardas da Supervia e os comentários desastrosos do superintendente de Barcas dão o exemplo de como as concessionárias públicas de transportes de massa encaram o passageiro: um estorvo, um chato, uma mala. Superlotação? Calor? Espera prolongada? Trens e barcas sujos? Passagens caras? Que se danem, é o que pensam os empresários que exploram os transportes. A situação é tão crítica que até o metrô, tido até algum tempo atrás como exemplo de transporte, virou uma porcaria.

O transporte de massa é solução em qualquer grande cidade, menos no Rio de Janeiro, que insiste em obrigar a maior parte da população a andar de ônibus, igualmente quentes, sujos, atrasados, caros e inseguros.

As multas aplicadas pela Agetransp são café pequeno perto do que as empresas merecem. O que se espera, contudo, é que pelo menos sejam pagas, já que as concessionárias costumam recorrer das multas e, no frigir dos ovos, quem paga por elas é o passageiro.

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